segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Marília Gabriela estuda "Mulheres que Amam Demais"

01/12/2008 - Folha Online
Marília Gabriela ama com intensidade, apaixonadamente. Mas também desama demais e, em alguns casos, rapidamente. Nunca ficou doente, ela garante, como as personagens de seu novo livro, "Eu que Amo Tanto", que traz depoimentos de 13 mulheres que enlouqueceram, literalmente, de amor.
"Acho muito curioso que, por trás desse material tão nobre que é o amor, possa existir uma patologia, um desvio, uma perversão mesmo", disse a jornalista e atriz à Folha. "Eu nunca fui obsessiva, não conheço este tipo de sofrimento que essas mulheres conhecem." O livro nasceu de um encontro com o amigo e fotógrafo catalão Jordi Burch e da vontade de trabalhar num projeto sobre o tema amor.
Marília foi então atrás do grupo de apoio Mada (Mulheres que Amam Demais Anônimas), que reúne diferentes idades e classes sociais. Ela as convidou para participar do livro e colheu suas histórias em sua casa, em São Paulo.
"Eu as ouvi, fiz perguntas, gravei estas conversas. Depois, deixei muito claro que não usaria nenhum nome e que interpretaria o que elas me disseram. Disse que ia fazer uma história, literalizar e, de alguma forma, embelezar esse texto", explicou Marília.
"O livro ajudou a me entender como mulher, a entender o que acontece nos relacionamentos afetivos, em como fazemos nossas escolhas."
Não falam sobre os encontros da Mada e sim das experiências pessoais. No capítulo "A Angústia", há até violência misturada a ciúme doentio, que acaba em internação e vontade de morrer. "Chutei, chutei e hoje sinto mais esta culpa quando vejo ele mancar", diz a primeira personagem do livro. "Culpa e angústia, belas companhias que arranjei para mim!".
Em outro conto, uma menina jovem, modelo, narra sua obsessão frenética, "internética". "Ele me vigia e eu a ele. Acho que foi por isso que inventaram o Orkut, para perpetuar a vigilância, perseguir a neurose", diz outra mulher, obcecada também pelo celular, chegando a ligar 78 vezes seguidas para o namorado, no mesmo dia.
Em todos os registros, de uma maneira ou de outra, fala-se em família, quase sempre problemática. "O que me pareceu muito latente nesta amostragem é que muitas repetem seus pais em seus homens. E um bocado delas tem questões para resolver com suas mães.
Agora, não tenho a menor dúvida de que somos resultado de nossos lares", disse Marília.


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